War of the Worlds (2025) Review
by Erica
❝Aliens, caos e… entrega Prime em 24h❞
Um dia, alguém acordou e decidiu que tinha de reimaginar a obra de H.G. Wells para o grande ecrã outra vez, para o mal dos meus pecados. E como se não bastasse essa decisão arriscada, resolveu fazê-lo no formato que quase nunca resulta: tudo a acontecer dentro de um ecrã de computador. Já se sabe que há exceções que funcionam, mas a maior parte das vezes acaba por ser um exercício cansativo de ver janelas a abrir e fechar. A desculpa oficial é simples e até plausível: foi feito durante a pandemia, quando toda a gente estava em casa a tentar criar alguma coisa com os recursos possíveis. E até aí tudo bem. O problema é que este filme não foi lançado na altura. Ficou guardado, escondido numa prateleira ou num disco rígido esquecido, e só agora, anos depois, alguém se lembrou de o colocar no Prime Video. Sem promoção, sem trailer, sem alarido. Um dia não existia, no outro estava ali como se tivesse caído do céu.
A narrativa é contada através de videochamadas, câmaras de vigilância, mensagens e janelas digitais que aparecem e desaparecem. Todo o trabalho do Ice Cube no filme é, no mínimo, peculiar. Há momentos em que parece não estar a fazer nada de especial e, de repente, o problema já está resolvido como por magia. É quase como se houvesse um atalho secreto no teclado que saltasse todas as tarefas complicadas e deixasse apenas a parte final. As reações também não ajudam muito. Não são más, mas são sempre muito controladas, como se ele estivesse a fazer uma videochamada enquanto espera que a água do chá ferva.
Os cortes entre cenas também são uma experiência à parte. Muitas vezes são tão bruscos que parece que alguém carregou sem querer no botão de “avançar 10 segundos”. E depois há aquelas cenas em loop, como quando o filho está na rua e parece que vai ser atacado, mas a imagem repete-se exatamente da mesma forma, quase como se fosse um GIF preso a carregar eternamente.
Depois temos o grande coprotagonista não oficial: a Amazon. O product placement é evidente e quase engraçado. Há drones a salvar o dia, pen drives entregues no momento certo e até aquela cena memorável em que é necessário fazer uma encomenda oficial para ativar um drone. É difícil não sorrir e imaginar o Jeff Bezos algures, orgulhoso, a dizer “é assim que se ganha uma guerra interplanetária”.
Quanto aos efeitos especiais, aqui nota-se claramente que o orçamento não foi generoso. As máquinas alienígenas têm um ar digital pouco convincente, como se tivessem saído de um videojogo do início dos anos 2000, e as explosões lembram aqueles efeitos pré-definidos que se encontram em programas de edição gratuitos. Não é impressionante, mas também não parece ser esse o objetivo. Este filme aposta mais na ideia e na forma de contar a história do que no espetáculo visual.
Concluindo, War of the Worlds acaba por ser uma experiência curiosa. Não é uma reinvenção brilhante, nem uma obra que vá ficar na memória como um marco do cinema de ficção científica, um marco positivo pelo menos. Mas tem qualquer coisa que faz com que seja difícil desligar. Talvez seja a estranheza do formato, talvez seja o charme involuntário das suas falhas, ou talvez seja apenas aquela curiosidade mórbida de querer ver até onde isto vai. É um daqueles filmes que, mesmo com todos os defeitos, acabamos por ver até ao fim e, no processo, rimo-nos de coisas que provavelmente não era suposto serem engraçadas.
2
/10
– Erica –