Helter Skelter (2012) Review
by Erica
❝Onde a beleza, o ego e a loucura colapsam em alta voltagem estética❞
O filme Helter Skelter começou de forma bem promissora, com uma estética intensa, saturada, e quase hipnótica. Parecia que eu estava prestes a mergulhar num thriller psicológico provocador sobre a indústria da beleza e a identidade. No entanto, não demorou muito para a sensação mudar drasticamente. Passado pouco tempo, honestamente, comecei a sentir que estava a ver um porno japonês. Tanto pelas cenas exageradamente sexualizadas como pelo próprio estilo de filmagem: os ângulos, os closes, os cortes sensuais quase gratuitos, tudo contribuía para essa vibe meio erótica-experimental que me tirou do foco da história. Dito isso, há que reconhecer que existe um certo equilíbrio entre o lado aesthetic e o lado porn like. O filme parece brincar com essa dualidade de forma consciente, mesmo que por vezes pese demais na mão.
Apesar disso, insisti. E, para minha surpresa, o filme começou finalmente a encontrar um rumo mais coeso. A personagem principal, Lilico, representa de forma extrema e perturbadora a obsessão pela perfeição e a necessidade quase desesperada de deixar uma marca no mundo, de ser eterna, de nunca ser esquecida. A sua decadência é desconfortável de assistir, mas ao mesmo tempo fascinante. Comecei a sentir que havia substância por trás da forma, mesmo que a forma continue a ser deliberadamente excessiva.
No entanto, o filme é demasiado longo para o que quer dizer. Com metade do tempo, teria passado exatamente a mesma mensagem, talvez até com mais impacto. Há várias cenas que repetem ideias ou que se estendem para além do necessário, o que dilui a força de alguns momentos-chave.
No fim, Helter Skelter é uma experiência intensa, visualmente marcante e emocionalmente caótica. Pode não agradar a todos e, sinceramente, nem tenta, mas deixa uma impressão difícil de apagar. Tal como Lilico queria.
7
/10
– Erica –