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sexta-feira, 25 de julho de 2025

Deep Cover (2025) Review

by Erica

Daqueles filmes de passar a tarde

Este é um daqueles filmes que se apanha a meio de uma tarde aborrecida, enquanto andamos a fazer zapping na televisão à procura de qualquer coisa que nos distraia. Vemos o título, aparecem caras conhecidas, lemos a sinopse e pensamos: “olha, pode ser engraçado, vou dar uma oportunidade”. E pronto, ficamos a ver. Não porque estamos investidos, mas porque já começou e também não há mais nada a dar; e, como costuma acontecer nestes casos, a coisa fica mesmo por aí. Não é mau ao ponto de dar vontade de desligar a televisão, mas também não é bom ao ponto de deixar qualquer marca. É apenas um filme que existe. Serve para passar o tempo e até tem um ou outro momento divertido, mas assim que acaba, desaparece da cabeça como se nunca o tivéssemos visto.

Deep Cover tenta gozar com os clichés típicos dos filmes policiais e de crime. Lá estão as figuras do costume: o polícia durão com ar de quem já viu tudo, os vilões completamente passados da cabeça, as frases feitas ditas com aquele tom “badass”, os tiros, as traições, e tudo o resto que já vimos dezenas de vezes. O filme sabe que está a brincar com esses elementos e, em alguns momentos, até acerta na piada. Há situações que são tão exageradas que se tornam cómicas e há momentos em que percebemos que o objetivo é mesmo o absurdo. Só que, à medida que o filme avança, essa tentativa de sátira perde força. Em vez de desconstruir os clichés, acaba por os repetir, só que com mais barulho e menos criatividade. Torna-se só mais um filme barulhento a tentar parecer esperto.

E depois há o elenco. Quando vemos tantos nomes conhecidos no cartaz, como a Bryce Dallas Howard, o Orlando Bloom, o Ian McShane e o Sean Bean, pensamos automaticamente que o nível vai ser outro. Mas não é bem assim. Os atores fazem o que podem, mas também não há muito por onde pegar. As personagens são simples, superficiais, sem grande desenvolvimento. Dão a sensação de terem sido criadas só para cumprir um papel na estrutura da história, e não para serem interessantes ou memoráveis. Nenhuma atuação se destaca particularmente. Está tudo no piloto automático.

O lado técnico do filme até é razoável. A realização não chateia, a montagem mantém o ritmo e a banda sonora até encaixa bem no estilo. Visualmente tem momentos engraçados e alguns planos bem conseguidos. E claro, há piadas que funcionam e cenas que conseguem arrancar uma gargalhada. Mas são pequenas ilhas num mar de nada muito especial. Quando o filme acaba, o que fica é aquela sensação de “pronto, já está, siga”. Não provoca qualquer reflexão, não emociona, não surpreende. É entretenimento leve, descartável, e nada mais do que isso.

Em resumo: Deep Cover é um filme que se vê, mas que dificilmente se lembra. Dá para entreter num dia em que não há nada de jeito a dar e o cérebro está em modo descanso. Tem momentos engraçados, tem atores conhecidos e tem um ar de que queria ser mais do que realmente é. Mas no final, não deixa nada. Se estiver a dar na TV e não tiveres mais nada para fazer, vê-se bem. Se não estiver, também não faz falta.

6

/10

Erica

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